segunda-feira, 29 de maio de 2017

No vazio das palavras

No vazio das palavras,
No nada que te obrigaste a ter
Sobrou o nada que tivemos
Resta-me o vazio do meu ser

Senti o meu eu preenchido
Do nada que nos demos
A Vida parecia ganhar sentido
No nada que obtivemos.

Tive o nada que tanto me deu
Segurei-o nas mãos, bebi-o com sofreguidão
Quis -me dar, Quis-me tornar algo teu
Fiquei com o nada ter, em solidão.

Nada tenho do nada que tive,
Guardo a memoria do nada
Os gemidos, o ar que sustive,
O amor que senti na nossa caminhada


Desejo

Meus pensamentos não sossegam
Meus desejos só aumentam...
Desejos de beijar a tua boca
E sentir o gosto da paixão.
Pelo o teu beijo
Eu gritaria
Até ser ouvido.
Cantaria até aprender a canção.
Dançaria até aprender os passos.
Insistiria,
Até te render...
Por um beijo
Eu pularia no vazio
Buscaria o impossível...
Teus lábios são os mestres dos meus desejos.
Teu corpo é a minha inspiração.
Teu olhar é a minha salvação.
Tudo à tua forma devota de paixão.
A carência se acaba
Com carícias e com
A magia da sua existência.
Por um beijo
Eu te daria meus sonhos
Arriscaria a minha vida.
Por um beijo
Estou enlouquecendo...
Faz-me feliz
Por Um Único Beijo...

Eu sou

Eu sou de todas as cores, 
de todos os sons, 
de todas as dores, 
de todos os tons...
Sou água, terra, fogo e ar...
Sou a inércia e o caminhar...
Sou brisa, sou tempestade...
Sou mentira, sou verdade...
Sou lua minguante, sou lua cheia...
Sou pegadas na areia...
Sou a rosa e o espinho...
Sou afeto e sou carinho...
Sou sol, sou maresia...
Sou barulho, sou melodia...
Sou razão, sou sentimento...
Sou a eternidade e o momento...
Sou matéria, sou espírito...
Sou a doença e o antídoto...
Sou sério, sou anarquista...
Sou menino, sou homem...
Sou o que me der na telha...
Sou o que tu quiseres...
Só não imutável, nem uma tediosa mesmice...
Eu não sou MAIS eu... Eu sou apenas EU...
E mesmo assim, imperfeito, já me dou por satisfeito...


ó Saudade

Em ti, ó saudade, acho parte de mim
São fragmentos craquelado e partido 
Do meu eu que tenho então em ti sido
Eternizado numa dor que vive sem fim

O senso que faz em ti alarido saído
Em mim é silêncio, é solidão, enfim,
Vive da ilusão de lembranças carmim
Do comover sovado e não esquecido

Agora, o que faço para ouvir o clarim
Dos sons da quimera no porvir contido
Dando-me sonhos afora deste folhetim

Serei pouco, nada, de desejo desprovido
Se insistires em ficar tão presente assim
Aí, de pedaços o meu poetar será revestido