terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Passos solitários





Rangem passos solitários,
na casa deserta árida de fragrâncias.
O soalho verte lágrimas
envernizadas de nostalgia intacta.
Ecoam ainda, no túnel da presunção,
risos distraídos de menina mimada.

Residem-se tantos fantasmas
no sótão do lar ilusório.
Acorda-se o vento,
terror sublime de se ser humano.

Na sala, janta-se utopias entopes,
sob o prato prateado, no clarão do olhar.
Bebe-se da alma
por cálices severos, numa cadência ácida.
A sobremesa são pétalas de lírios,
transparentes sabores em dadiva sorvida.


Sol de Inverno



Presenteia-me a certeza de um Sol de Inverno
Água de um mar sereno aquece-nos os corpos

Despimo-nos na paixão de gotas nuas ao luar.
Semente híbrida latente e crescente em nós
Orvalho secreto nos olhos da tua alma genuína.
Cal viva em ebulição, no cântaro hirto de pureza
Horas esquecidas para a estela brilhante maior.

Dádiva suprema, esse Sol que serpenteia o vulcão
Explode nos sulcos onde te habitas longinquamente,

Emoções florescem, regadas na desordem das nuvens
Rosto transparente destruído por cúmplice corsário
Nosso Amor-perfeito reflecte a sintonia das ondas.
Consagramo-nos a longas noites em esperas veneradas.