terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Passos solitários





Rangem passos solitários,
na casa deserta árida de fragrâncias.
O soalho verte lágrimas
envernizadas de nostalgia intacta.
Ecoam ainda, no túnel da presunção,
risos distraídos de menina mimada.

Residem-se tantos fantasmas
no sótão do lar ilusório.
Acorda-se o vento,
terror sublime de se ser humano.

Na sala, janta-se utopias entopes,
sob o prato prateado, no clarão do olhar.
Bebe-se da alma
por cálices severos, numa cadência ácida.
A sobremesa são pétalas de lírios,
transparentes sabores em dadiva sorvida.